7 de novembro de 2009



Soneto à maneira de Camões

Esperança e desespero de alimento
Me servem neste dia em que te espero
E já não sei se quero ou se não quero
Tão longe de razões é meu tormento.

Mas como usar amor de entendimento?
Daquilo que te peço desespero
Ainda que mo dês - pois o que eu quero
Ninguém o dá senão por um momento.

Mas como és belo, amor, de não durares,
De ser tão breve e fundo o teu engano,
E de eu te possuir sem tu te dares.

Amor perfeito dado a um ser humano:
Também morre o florir de mil pomares
E se quebram as ondas no oceano.
.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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1 comentário:

Graça disse...

Já agora, visitem, por favor, este blogue e vejam como se rouba serena e descaradamente: http://fernandasonetos.blogspot.com/2008/03/esperana-esperana-e-desespero-de.html