1 de novembro de 2008



Não faço a menor ideia de como nasce o amor e tenho imenso medo de descobrir como ele acaba.
Esta ideia nem parece minha, mas aconteceu-me agora mesmo, depois de assistir a uma cena esquisita aqui dentro de minha casa.
Na minha casa acontecem muitas cenas esquisitas, vais ficar a conhecê-las todas, portanto, aguenta-te e observa.
Está ali uma mulher a chorar, tem que se lhe diga, mas já revelo quem ela é. Agora quero que saibas quem eu sou.
Chamo-me Maria Ana. Isso mesmo, Maria Ana e não Mariana, há muita gente que se engana e eu passo a vida a corrigir. O nome foi escolhido pela minha avó Lupita, que se chama na realidade Guadalupe, é um bocado gorda, um grande bocado louca e ainda por cima é uma espanhola que fala muito. Vive em Madrid ao lado de um museu que se chama Prado e quando eu era pequena julgava que era um museu sobre vacas e ovelhas, pois essas andam sempre no prado, com as moscas, os cães e os pastores, e afinal é um museu dedicado a obras de pintura, é mesmo uma das maiores galerias do Mundo e expõe obras que foram pintadas entre os séculos XV e XIX, fui lá com a minha avó Lupita que gosta muito de ir a toda a parte e adorei e conheci Goya, as pinturas dele - e Goya é um dos maiores pintores de Espanha e isso.
Chamo-me Maria Ana - e não Mariana. Repito, porque quase toda a gente troca o meu nome.

Alexandre Honrado, A família que nao cabia dentro de casa
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