11 de maio de 2005


Manuel Alegre (1936)


AINDA HÁ MAR
(D. Sebastião aparecerá numa grande nau
por detrás do Ilhéu em Vila Franca do Campo)

Ainda há naus e viagem algures em nós
Ainda há mar
Ainda há naus para chegar ao outro lado
Lá onde só se espera
O inesperado

Talvez um dia por detrás do Ilhéu
Do meio da mágoa e da neblina
Porque ainda há viagem e Taprobana
Ainda há naus para passar
Além do tédio e da rotina

Ainda há mar

Ainda há naus para a abstracção
Matemática dos astros e dos ventos
Navegação do mito e seu teorema
Ainda há mar

Ao menos no poema

Manuel Alegre, Atlântico

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4 comentários:

Calvin disse...

Ter um poeta como Presidente seria muito bom. :o)

Graça disse...

Se não fosse muito bom, ao menos, seria muito interessante, sempre haveria discursos menos enfadonhos, numa voz agradável, treinada nos microfones da rádio. Os idealistas, dizem, dão maus políticos, pouco pragmáticos e tal. Mas haverá esse espécime raro designado de "bom político"? Mesmo que o mandato ficasse aquèm das expectativas, confesso que teria algum orgulho no país se ele elegesse um poeta para a presidência...

Calvin disse...

Mas quais discursos? Teríamos declamações! :oD

Graça disse...

E não seriam breves, já que a ele ninguém o cala... Ao menos a comunidade internacional havia de nos ouvir!
E, se calhar, os portugueses passavam a ser vistos como intelectuais, cultos, e não como..., enfim, como somos vistos :o(