
Manuel Alegre (1936)
AINDA HÁ MAR
(D. Sebastião aparecerá numa grande nau
por detrás do Ilhéu em Vila Franca do Campo)
Ainda há naus e viagem algures em nós
Ainda há mar
Ainda há naus para chegar ao outro lado
Lá onde só se espera
O inesperado
Talvez um dia por detrás do Ilhéu
Do meio da mágoa e da neblina
Porque ainda há viagem e Taprobana
Ainda há naus para passar
Além do tédio e da rotina
Ainda há mar
Ainda há naus para a abstracção
Matemática dos astros e dos ventos
Navegação do mito e seu teorema
Ainda há mar
Ao menos no poema
Manuel Alegre, Atlântico
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4 comentários:
Ter um poeta como Presidente seria muito bom. :o)
Se não fosse muito bom, ao menos, seria muito interessante, sempre haveria discursos menos enfadonhos, numa voz agradável, treinada nos microfones da rádio. Os idealistas, dizem, dão maus políticos, pouco pragmáticos e tal. Mas haverá esse espécime raro designado de "bom político"? Mesmo que o mandato ficasse aquèm das expectativas, confesso que teria algum orgulho no país se ele elegesse um poeta para a presidência...
Mas quais discursos? Teríamos declamações! :oD
E não seriam breves, já que a ele ninguém o cala... Ao menos a comunidade internacional havia de nos ouvir!
E, se calhar, os portugueses passavam a ser vistos como intelectuais, cultos, e não como..., enfim, como somos vistos :o(
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