Antero de Quental (1842-1891)
SEPULTURA ROMÂNTICA
Ali, onde o mar quebra, num cachão
Rugidor e monótono, e os ventos
Erguem pelo areal os seus lamentos,
Ali se há-de enterrar meu coração.
Queimem-no os sóis da adusta solidão
Na fornalha do estio, em dias lentos;
Depois, no inverno, os sopros violentos
Lhe revolvam em torno o árido chão...
Até que se desfaça e, já tornado
Em impalpável pó, seja levado
Nos turbilhões que o vento levantar...
Com suas lutas, seu cansado anseio,
Seu louco amor, dissolva-se no seio
Desse infecundo, desse amargo mar!
Antero de Quental, Sonetos
1 comentário:
Um génio ou um santo? Um Nauta ou um Tritão? Um homem ou um deus? Um poeta ou um sacerdote? Ou tudo isso?
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