É este o meu segredo -
fechar-me, calar-me, adormecer espantosamente.
Sem mover os dedos, sem abrir os lábios, irei devagar, mais tarde, à hora do sol que se apaga, à beira de um rio negro, quando o coração pára. Serei apenas um homem sem nome, caminhando ao acaso, pelas ruas de uma cidade que devora a sua luz.
Não quero ser mais nada. Sou a estátua cega, sou de dentro, e por dentro me perdi.
e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão deixas viver sobre a pele uma criança de lume e na fria lava da noite ensinas ao corpo a paciência o amor o abandono das palavras o silêncio e a difícil arte da melancolia
Al Berto
20 de maio de 2012
Decepção à regra
Sentar-me e ver os outros passar é o meu exercício favorito. Entretém. Não esgota. É gratuito. Neste meu jogo-do-não são os outros que passam (é aos outros que reservo a tarefa de passar). Lavo daí os pés. Escrevo de dentro da vida. Pode até parecer que assim não chego a lugar algum mas também quem é que quer ir ao sítio dos outros?