18 de novembro de 2005


Manuel António Pina (1943)


Amor como em casa

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

Manuel António Pina

4 comentários:

zoto disse...

«A esfinge não é verdadeira. Verdadeiro é o medo. A esfinge é a forma que toma o nosso medo. Por isso, a verdade são os sentimentos. A verdade é a consciência da morte, a consciência da solidão, a consciência da desmesura e da irrelevância de tudo, da pequenez das coisas. O facto de ser ficção não torna aquilo menos verdadeiro, digamos que não há uma ditadura do real. Nesse sentido não há ficção.»

Periférica n.º 12

Anónimo disse...

Dá a sensação de que estamos a ler uma oração repetível em qualuer liturgia do viver humano. A religiosidade assume muitas formas, mas nunca se afasta do pensamento artístico.

zoto disse...

e às vezes faço coisas que não devo

zoto disse...

e às vezes fazes coisas que não devo