12 de maio de 2007

Eco

Vagas são as promessas e ao longe,
muito longe, uma estrela.

Cruel foi sempre o seu fulgor:
sonâmbulas cidades, ruas íngremes,
passos que dei sem onde.

Era esse o meu reino, e era talvez essa
a voz da própria lua.
Aí ficou gravada a minha sede.
Aí deixei que o fogo me beijasse
pela primeira vez.

Agora tenho as mãos vazias,
regresso e sei que nada me pertence
- nenhum gesto do céu ou da terra.
Apenas o rumor de breves sombras
e um nome já incerto que por mágoa
não consigo esquecer.

Fernando Pinto do Amaral

.

2 comentários:

Claudia disse...

Mais uma coincidência!

Adoro Fernando Pinto do Amaral!!!

Beijo

Graça disse...

Bem, Cláudia, não é uma coincidência perfeita: em rigor só posso dizer que gosto deste poema de Fernando Pinto do Amaral, o que não é suficiente para adorar o autor, embora tenha a certeza de que o poeta será merecidamente "adorável".

Obrigada pela visita.