Miguel Torga (1907-1995)
VIAGEM
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
( Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
VIAGEM
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
( Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura.
O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga
.
.
2 comentários:
-"Filho"...
E o que a seguir se lê
É de uma tal pureza e um tal brilho,
Que até da minha escuridão se vê.
(Miguel Torga)
Cara Graça:
Torga é dos raros deuses que a minha apostasia ateísta reconhece... Nele me reencontro SEMPRE.
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