Às vezes, encontro-me nas palavras dos outros. Mais raramente, nas minhas. Por pura coincidência. Em pura coincidência.
7 de janeiro de 2010
Cheguei a ter medo de te perder,
tu não chegaste sequer a ter medo.
Este silêncio de já não termos palavras
ouve-se nas outras palavras que trocamos.
Miserável mundo nosso e alheio,
igual ao que todos disseram da sua época,
e pior, porque este vivemos nós
e conhecemos nós, cada um conforme pode.
Já morrerem os ídolos todos da infância
e os da adolescência vão a caminho,
sobrevivente é o teu olhar cego
(hoje há já só um dos Righteous Brothers).
Na feira de velharias uma caixa
para tabaco com uma rosa verde.
Tem o preço ainda em escudos, uma falha
num dos cantos, uma pequena cruz de cal.
Permaneces aí, à lareira, lendo livros vivos
e o seu turbilhão de palavras profundas.
Nunca mais chega o medo de nos perdermos,
eco um do outro em ricochete de silêncios.
Helder Moura Pereira, Mútuo Consentimento, Assírio & Alvim, Lisboa, 2005
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6 comentários:
Lindo!!!!!!!!!!
\o/
Como foi de feriados e festas?
bjos!
Obrigada Lygia.
Bem, Lygia, preferia não falar nisso, foi um época triste por aqui. Melhores dias virão. Um bom 2010 para ti.
«Este silêncio de já não termos palavras
ouve-se nas outras palavras que trocamos.»
E por vezes este silêncio é ensurdecedor...
Gostei.
Um abraço.
jv
Tomei a liberdade de eliminar os comentários repetidos, JV. Mas foi agradável ver 7 comentários, há muito que não via tal coisa por aqui. Se é que alguma vez vi.
Agora que já tens a conta google,é mais fácil criar o tal blogue...
Obrigada por teres quebrado o silêncio. Um abraço para ti também.
«Cheguei a ter medo de te perder,
tu não chegaste sequer a ter medo.»
Dói. Mas gostei muito deste post.
Jinho
Ainda bem que gostaste,Vera. Beijinho.
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