15 de agosto de 2006


José Agostinho Baptista (1948)

Parte-se

Parte-se,
como uma ânfora desmedida,
o meu coração.
É Junho,
começam a abrir-se as flores da melancolia.

Desço os degraus da casa e da terra.
Fecho os olhos.
E por dentro da sua cor,
por dentro da sua luz verde,
esses olhos partem para o mar,
quando o crepúsculo cai do outro lado dos
espelhos

Parece que os girassóis se erguem na berma
das estradas.
Parece que as cegonhas dormem.

Nem tu,
cujo rosto vi desenhar-se tantas vezes no
rosto da lua, me poderás salvar.

José Agostinho Baptista, Esta Voz é Quase o Vento

4 comentários:

Mito disse...

Desculpa a minha ignorância, mas este poeta é açoriano? Toda a ambiência me sugere o arquipélago...

Graça disse...

Boa pergunta, Mito: é ilhéu, de facto, mas madeirense.

Graça disse...

Obrigada pela visita e pela apreciação, Joana.

Graça disse...

Obrigada pela simpatia Romã, embora tenha, (in)felizmente, consciência das limitações do blogue.
Beijinho!