Às vezes, encontro-me nas palavras dos outros. Mais raramente, nas minhas. Por pura coincidência. Em pura coincidência.
12 de setembro de 2011
Escrevo-te com o fogo e a água. Escrevo-te
no sossego feliz das folhas e das sombras.
Escrevo-te quando o saber é sabor, quando tudo é surpresa.
Vejo o rosto escuro da terra em confins indolentes.
Estou perto e estou longe num planeta imenso e verde.
O que procuro é um coração pequeno, um animal
perfeito e suave. Um fruto repousado,
uma forma que não nasceu, um torso ensanguentado,
uma pergunta que não ouvi no inanimado,
um arabesco talvez de mágica leveza.
Quem ignora o sulco entre a sombra e a espuma?
Apaga-se um planeta, acende-se uma árvore.
As colinas inclinam-se na embriaguez dos barcos.
O vento abriu-me os olhos, vi a folhagem do céu,
o grande sopro imóvel da primavera efémera.
António Ramos Rosa
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2 comentários:
Gosto, sobretudo, de um fruto repousado...
Que bonita a expressão!
Adoro o seu blogue.Não só pelas suas escolhas, como pelo grafismo.
Identifico-me com ele totalmente.Poderia ser meu.
Permita que lhe sugira, se acaso não conhece, Halina Poswiatowska.
Agradeço a "coincidência" com o blogue, se bem que nem sei se isso se agradece, agradeço, contudo, a revelação dessa "coincidência", e relembro que aceito sugestões com agrado, quer nos comentários do blogue, quer no endereço indicado no meu perfil - garfie2@gmail.com.
Espero que tenha ou que crie um blogue, para poder retribuir a simpatia...
Ainda não conheço Halina Poswiatowska...
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