25 de março de 2005

Espero por ti no fim do mundo
ou no princípio dele,
enquanto as sementes secam ao sol
que não nasce
e as palavras se perdem num verso
sem peso nem medida.
És a que não chega:
promessa do amor que enche
os espelhos, brilho
da treva que assombra
o cristal.
E quando olho pela janela,
como se viesses do fundo da rua,
só a tarde dobra essa esquina
que te viu partir
com os olhos húmidos da manhã nua.
Sombra, cinzas e ruína
chegam em cada primavera; mas tu
só voltas donde não sei,
quando não espero
e onde não estou.

Nuno Júdice, Pedro Lembrando Inês

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