Às vezes, encontro-me nas palavras dos outros. Mais raramente, nas minhas. Por pura coincidência. Em pura coincidência.
6 de setembro de 2005
Sete anos me aguardam de incertezas, O gato gordo,
sobre o muro, é apenas uma figura transitória. Tu vais
ficando, um livro abandonado no melhor
do enredo, aberto para sempre sobre a cama. Eu
sento-me à janela onde houve uma vez uma figueira.
E fico. Aguardo provavelmente a tua voz no silêncio
demorado dos quartos ao entardecer. E também adormeço,
se não for a memória do ruído ensurdecedor dos
espelhos, rebentando pela casa em mil pequenos cacos
incertos. Sete anos
para reler uma história demasiado conhecida ou
folhear um livro branco até ao fim. O gato já
desapareceu. Digo que escolhe, como tu, outra
cama para desafiar a lua. Eu não, eu eu fico.
Maria do Rosário Pedreira, A Casa e o Cheiro dos Livros
.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Muito obrigada! Espero que o Pura Coincidência acompanhe os Sentidos em muitos degraus...
Jinho
E dispistada como sempre esqueci-me...
PARABÉNS para ti também e para o Zoto (mais recente participante).
Jinho pa ele tb.
Muito obrigada, Vera, em meu nome e em nome do meu "amigo imaginário".
Enviar um comentário